quarta-feira, 21 de outubro de 2015

TDAH - Governo quer protocolo para conter uso de Ritalina por crianças

Receitas ou psicotrópicos, tudo à venda ilegalmente na web



TDAH - Governo quer protocolo para conter uso de Ritalina por crianças  


Por Marise Jalowitzki
21.outubro.2015
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2015/10/tdah-governo-quer-protocolo-para-conter.html

O artigo-entrevista da Natalia Cancian, publicado no dia de hoje no Jornal Folha de São Paulo, é relevante. A grande midia falando sobre, ouvindo critérios de órgãos governamentais, tem seu valor! Percebo, também, de grande importância o passo que o governo está dando, e, em especial, já comprovando que a avaliação de uma equipe multiprofissional (em duas cidades paulistas) diminui significativamente a demanda no uso do psicotrópico. 

"O Ministério da Saúde recomendou a Estados e municípios aumentar o controle sobre a prescrição e a distribuição de um medicamento indicado para tratar crianças e adolescentes com déficit de atenção e-ou hiperatividade.

O documento visa coibir um possível abuso de metilfenidato, conhecido pelo nome de Ritalina e Concerta e evitar a "medicação excessiva" de crianças."

A ação é louvável e já está atrasada! Agora, como acontecerá isto? 

Obs.: Ritalina e Concerta não são "remédios" - como consta na Folha, pois não foram feitos para "curar". São medicamentos. Química com efeito temporal para o fim específico. Metilfenidato não é distribuído pelo SUS (governo federal). Assim, os dados obtidos, que mostram a redução no consumo, disponíveis apenas do que os municípios distribuem com verba específica. 

"Em São Paulo, a adoção do protocolo, no ano passado, reduziu o consumo do remédio na rede pública: de 54 mil comprimidos distribuídos em setembro de 2014 para 25 mil no mesmo mês deste ano. Já o número de usuários, foi de 550 para 324." 

E os convênios e particulares? E as vendas ilegais (mas, permanentes), em sites e páginas virtuais, tanto de receitas como dos medicamentos? Como já é sabido em outras tantas áreas, caso não aconteça vigilância e fiscalização, apreensão e multas constantes, os abusos vão continuar. 

Por isso, tão necessário que as pessoas, os cidadãos, conversem entre si, troquem informações, avaliem sua decisão, reavaliem e tenham condições, também, de argumentar. Continuo afirmando que o pátrio e mátrio poder é do pai e da mãe (parece redundante). E eles nem foram citados no artigo da Folha. 

Como comenta uma mãe:
 "Há uma grande diferença entre a "teoria" e "prática".  até onde será respeitada e ou se algum médico levará isso em conta antes de pescrever o remédio?!"









Quando uma mãe "entende" com o coração, que o filho só precisa de mais atenção, de mais compreensão, ver respeitado o seu tempo para uma aprendizagem eficaz, ela (mãe) consegue argumentar com a escola, que é o local onde 'nascem' os mais numerosos 'diagnósticos'. 

Tendo uma legislação efetiva por detrás, show de bola! 















E em relação à declaração do diretor da Associação Médica Brasileira (AMB), Miguel Jorge:

O diretor da AMB (Associação Médica Brasileira) e professor associado de psiquiatria na UNIFESP, Miguel Jorge, diz ser favorável à adoção de critérios que levem a diagnósticos mais precisos. Mas critica a possibilidade de a decisão final caber a outros profissionais que não médicos. 
Diz ele:
"Não há sentido, cabimento ou lógica em se depositar na mão de pessoas estranhas à categoria médica a determinação se um diagnóstico está correto e se a pessoa deve receber o medicamento."

Transportamos suas palavras para todas as mães e pais amorosos e dedicados deste país, que não aguentam mais a pressão da escola, não aguentam mais as consultas "de minuto" nos consultórios, de onde saem confusos desorientados, sem entender o porquê daquela receita. Sim, os pais e mães dizem: "Senhores médicos, "não há sentido, cabimento ou lógica continuar medicando nossos filhos sem sabermos os riscos que estão sujeitos, sem saber ao certo do que estão sendo tratados e, principalmente, se isto vem ao encontro de uma necessidade da criança ou da intolerância da escola, indiferença médica e sede de lucros dos fabricantes de psicotrópicos". 

E sobre a infeliz declaração do diretor de que - 
"O déficit de atenção, pelo menos até o momento, não tem outro tipo de tratamento preconizado que não o tratamento medicamentoso."
 - só temos a lamentar. Rubens Bias (CONANDA, Ministério da Saúde) observa, com propriedade:
 A bula do medicamento contraria a afirmação do diretor da AMB: "A etiologia específica dessa síndrome é desconhecida e não há teste diagnóstico específico. O diagnóstico correto requer uma investigação médica, neuropsicológica, educacional e social... O diagnóstico deve ser baseado na história e avaliação completas da criança e não apenas na presença de uma ou mais dessas características. O tratamento medicamentoso não é indicado para todas as crianças com esta síndrome... Uma orientação educacional apropriada é essencial e a intervenção psicossocial é geralmente necessária. Nos locais em que medidas corretivas isoladas forem comprovadamente insuficientes, a decisão de se prescrever um estimulante deverá ser baseada na determinação rigorosa da gravidade dos sintomas da criança."

O que consta na bula de Ritalina, Concerta e outros medicamentos que utilizam o metilfenidato é o que preconiza a AAP - Associação Americana de Pediatria - 

"Importantes mudanças nas diretrizes recentes incluem: 
  • Âmbito expandido. As novas orientações incluem a consideração de intervenções comportamentais e abordam diretamente as preocupações com o nível do problema em crianças, com base no Manual Diagnóstico e Estatístico de Cuidados Primários (DSM-PC), Versão da Criança e do Adolescente.

  • Para fazer um diagnóstico de TDAH, o médico da atenção primária deve determinar que os critérios de diagnóstico foram cumpridos com base no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - Quinta edição (DSM-5, que substituiu a quarta edição (DSM-IV), em maio de 2013) . Fazer um diagnóstico inclui documentar que a criança é prejudicada em mais de uma configuração grande (por exemplo, na escola e em casa). O médico da atenção primária deve incluir relatos dos pais ou responsáveis, professores e / ou em outra escola e médicos de saúde mental envolvidos no cuidado da criança. O médico da atenção primária também deve descartar qualquer outra causa possível. (http://www.cdc.gov/ncbddd/adhd/guidelines.html)

75% dos diagnósticos emitidos são indevidos



O texto publicado originalmente na Folha de São Paulo
Natalia Cancian - Brasília
21.outubro.2015

O Ministério da Saúde recomendou a Estados e municípios aumentar o controle sobre a prescrição e a distribuição de um medicamento indicado para tratar crianças e adolescentes com déficit de atenção e-ou hiperatividade.

O documento visa coibir um possível abuso de metilfenidato, conhecido pelo nome de Ritalina e Concerta e evitar a "medicação excessiva" de crianças.

Segundo o Ministério, a medida ocorre diante da "tendência de compreensão de dificuldades de aprendizagem como transtornos biológicos a serem medicados" e de um "aumento intenso" no consumo do psicotrópico. 

Dados da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) apontam crescimento de 21,5% na venda de metilfenidato em 4 anos - de 2,2 milhões de caixas em 2010 para 2,6 milhões em 2013 (último dado disponível). 

O Ministério cita ainda as estimativa "bastante discordantes" sobre a ocorrência de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e-ou Hiperatividade) em crianças e adolescentes - de 0,9% a 26,8%.

 "Parece evidente que tem muitas crianças no Brasil utilizando de maneira desnecessária utilizando o medicamento", afirma o coordenador de saúde no ministerio, Paulo Bonilha. "São múltiplas as variáveis que influenciam no processo de aprendizagem e concentração. Olhar como se fosse sempre uma doença da criança é reducionista."

Isso não significa, porém, que o diagnóstico de TDAH não possa ocorrer, defende Bonilha. "O que se recomenda é que seja mais criterioso, feito por equipe multiprofissional e não apenas pelo médico, com a presença de psicólogo e pedagogo."

MUNICÍPIOS

Agora, a ideia é fazer com que mais municípios elaborem protocolos para prescrição e distribuição do remedio, assim como fizeram as prefeituras de São Paulo e Campinas (SP) nos últimos anos.

O metilfenidato não é distribuído diretamente pelo Governo Federal. 
Secretarias de Saúde tem autonomia para comprar e ofertar o remédio - em geral, liberado com a apresentação de uma receita médica especial para psicotrópicos.

"Vimos que estávamos usando de forma irracional" - diz a coordenadora de saúde da criança em Campinas, Tânia Marcucci. "Antes, a criança já vinha com diagnóstico prévio até da escola."

Com a mudança, a prefeitura passou a exigir uma avaliação com uma equipe multidisciplinar, que preenche um formulário com dados da saúde e situação da criança.

Em São Paulo, a adoção do protocolo, no ano passado, reduziu o consumo do remédio na rede pública: de 54 mil comprimidos distribuídos em setembro de 2014 para 25 mil no mesmo mês deste ano. Já o número de usuários, foi de 550 para 324. 

"O protocolo mostrou que, quando há a orientação clara do uso, do diagnóstico e do acompanhamento, há redução do uso abusivo", afirma o secretário municipal de saúde, Alexandre Padilha. "Antes, havia casos de inclusão [no tratamento] porque a criança mexia mais de quatro vezes na cama."

CRÍTICAS

O diretor da AMB (Associação Médica Brasileira) e professor associado de psiquiatria na UNIFESP, Miguel Jorge, diz ser favorável à adoção de critérios que levem a diagnósticos mais precisos. Mas critica a possibilidade de a decisão final caber a outros profissionais que não médicos. 

"Não há sentido, cabimento ou lógica em se depositar na mão de pessoas estranhas à categoria médica a determinação se um diagnóstico está correto e se a pessoa deve receber o medicamento."

Para ele, além de uma medicalização excessiva, é preciso considerar que alguns transtornos passaram a ser mais conhecidos, o que pode explicar um aumentos no diagnóstico de pessoas antes não tratadas, diz.

"O déficit de atenção, pelo menos até o momento, não tem outro tipo de tratamento preconizado que não o tratamento medicamentoso."

Fonte: Folha




Texto de Rubens Bias, do Ministério da Saúde, em sua página no Facebook:
(21.outubro.2015)


Folha de São Paulo repercutindo recomendações sobre o uso excessivo de ritalina .
A AMB reconhece a necessidade de "adoção de critérios que levem a diagnósticos mais precisos".
Prefere, entretanto, enfatizar a defesa tacanha de reserva de mercado afirmando que "Não há sentido, cabimento ou lógica em se depositar na mão de pessoas estranhas à categoria médica a determinação se um diagnóstico está correto".
Adota ainda o obscurantismo ao dizer "O deficit de atenção, pelo menos até o momento, não tem outro tipo de tratamento preconizado que não o tratamento medicamentoso." A bula do medicamento contraria a afirmação do diretor da AMB:
"A etiologia específica dessa síndrome é desconhecida e não há teste diagnóstico específico. O diagnóstico correto requer uma investigação médica, neuropsicológica, educacional e social... O diagnóstico deve ser baseado na história e avaliação completas da criança e não apenas na presença de uma ou mais dessas características. O tratamento medicamentoso não é indicado para todas as crianças com esta síndrome... Uma orientação educacional apropriada é essencial e a intervenção psicossocial é geralmente necessária. Nos locais em que medidas corretivas isoladas forem comprovadamente insuficientes, a decisão de se prescrever um estimulante deverá ser baseada na determinação rigorosa da gravidade dos sintomas da criança." 




Outros artigos sobre o tema:



A Política de Atenção à Saúde da Criança considera como criança
a pessoa na faixa etária de zero a nove anos e a primeira infância,
de zero a cinco anos. 





Por Marise Jalowitzki
07.agosto.2015
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/08/criancas-brasileiras-agora-tem-politica.html



MERCOSUL e a Medicalização da Infância 
Rubens Bias, na Reunião da Comissão Permanente Iniciativa NiñaSur,
no âmbito da Reunião de Altas Autoridades em Direitos Humanos e
Chancelarias do MERCOSUL






Por Marise Jalowitzki
21.julho.2015
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/07/medicalizacao-de-criancas-mercosul-ata.html 



Num período de três décadas, apenas 12 dos 10.000 trabalhos publicados sobre o tema preenchem critérios mínimos de cientificidade.



publicado neste blog em 06.outubro.2015
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/10/houve-banalizacao-no-diagnostico-do.html




" O que é importante notar aqui é que Matthew
não tinha qualquer condição cardíaca
pré-existente ou defeito."
 (
Heather Smith - Pai de Matthew)

Protocolo de Autópsia - Morte do Menino Matthew devido ao uso prolongado de Ritalina

Por Marise Jalowitzki

http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/11/protocolo-de-autopsia-morte-do-menino.html


















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 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

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