Terapia e Família - O que muda |
Por Marise Jalowitzki
09.outubro.2015
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2015/10/tdah-e-escuta-tempo-para-ouvir-sentir.html
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2015/10/tdah-e-escuta-tempo-para-ouvir-sentir.html
Por certo, praticamente todos os pais de crianças
diagnosticadas como TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e-ou Hiperatividade
já foram aconselhados a proporcionar a seus pimpolhos a terapia psicológica, especialmente a cognitivo-comportamental, também identificada como TO – terapia ocupacional
(alguns dizem ‘treinamento ocupacional’). A terapia psicológica é o tratamento recomendado como de primeira linha de intervenção pela APA - Associação de Psiquiatria Americana.
Importante discorrer um pouco sobre a diferença entre o tratamento psicológico segundo a fenomenologia
e o tratamento psicológico comportamental. Destacar a diferença entre um e outro tratamento.
Na psicologia
fenomenológica (também chamada: humanista), o terapeuta “respeita a história do paciente, ajuda a esclarecer pontos
frágeis, recupera a autoestima e proporciona espaço para que o próprio
indivíduo construa suas estratégias para melhor conviver com o meio.” – (pág.115
– Tipos de Tratamento – Livro TDAH Crianças que Desafiam)
O Tratamento Psicológico Cognitivo-Comportamental, “tem como objetivo mudar o comportamento da criança, ajudando-a na adaptação ao meio e no controle de seu próprio comportamento; pode envolver ajuda prática, como ajudar a organizar tarefas, completar trabalhos escolares e inclui, também, trabalhar registros de eventos emocionalmente difíceis. Os terapeutas sinalizam às crianças habilidades sociais, tais como a forma de esperar a sua vez, compartilhar brinquedos, pedir ajuda, ou responder à provocação. Aprender a ler expressões faciais e tom de voz, em outros, e como responder de forma adequada também pode ser parte de treinamento de habilidades sociais.” (pág.116)
Melhores resultados ocorrem quando o(a) terapeuta concilia as duas abordagens sob uma ótica conjunta (conhecer e respeitar a historia e, só então, conduzir para o comportamento desejado).
Os Pais
Também os pais, ao realizar o Quadro de Acordos – Tarefas, Perdas e Recompensas, precisam levar em conta o sentimento, a percepção da criança frente aos fatos. Não basta escrever: “Não morder!”. Primeiro, com tempo, com carinho, com envolvimento sincero, precisa saber as circunstâncias onde acontecem estas reações agressivas, porque acontecem, envolvendo quem, em que horário. Sim, pois caso acontecer nos minutos finais da escolinha, por exemplo, pode ser que o motivo seja apenas o fator cansaço, ou a ansiedade em ver a mãe chegar e ir pra casa.
Também os pais, ao realizar o Quadro de Acordos – Tarefas, Perdas e Recompensas, precisam levar em conta o sentimento, a percepção da criança frente aos fatos. Não basta escrever: “Não morder!”. Primeiro, com tempo, com carinho, com envolvimento sincero, precisa saber as circunstâncias onde acontecem estas reações agressivas, porque acontecem, envolvendo quem, em que horário. Sim, pois caso acontecer nos minutos finais da escolinha, por exemplo, pode ser que o motivo seja apenas o fator cansaço, ou a ansiedade em ver a mãe chegar e ir pra casa.
--------------------
O monitoramento do quadro é mais uma ação necessária |
TDAH e Acordos - Quadro de Tarefas, Perdas e Recompensas
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/04/tdah-e-acordos-quadro-de-tarefas-perdas.html
--------------------
Criança e terapeuta
Quando o terapeuta não leva estes fatores em conta, o “treinamento” torna-se quase mecânico: “faça assim, que vai ganhar recompensa!” – “faça deste jeito e vai poder fazer isto!” - . Tem um valor muito grande, mas só se sair do “decoreba”, se adentrar na história e no respeito à história do pequeno, de como ele a construiu! Senão, pode até durar algum tempo, mas, logo, logo, cairá no esquecimento e a velha rotina aparece.
As crianças, com um grau de sensibilidade e percepção
diferentes do usual, costumam perceber e interpretar de forma singular daquilo
que consideramos o costumeiro, o cotidiano, o... normal (aquilo que está na
norma, na fôrma, no convencionalmente aceito).
Criança, família e terapeuta
Outras linhas terapêuticas também abordam as diferenças entre os indivíduos, como os 4 elementos (terra, fogo, água, ar), a
PNL- Programação Neurolinguística (visual, auditivo, cinestésico), as 9 Inteligências
Múltiplas (segundo a teoria de Howard Gardner), a EFT - Emotional
Freedom Technique (Técnica de Libertação Emocional), o Reiki, Yoga, Arteterapia,
Quiropraxia, Terapia Crâniossacral, Do-In, Acupuntura, Crianças Índigo,Cristal,
Diamante e Arco-Íris, etc.. Essas medicinas tidas como alternativas, procuram
chamar a atenção dos pais e todo o mundo adulto para que entendam a funcionalidade
diferenciada dos pequenos, observem, sintam e aceitem sua maneira singular
de ver e sentir a realidade.
Os resultados de uma terapia em uma criança serão mais significativos na proporção exata em que os pais estiverem envolvidos. É fácil perceber que não adianta proporcionar para a criança uma ou duas visitas semanais (por vezes apenas uma vez na quinzena), se as situações no lar não mudam; o lar é o lugar onde geralmente se formatou aquele modo de perceber. Pais precisam estar dispostos a rever seus comportamentos. Aprimorar respostas, aprimorar perguntas, aprimorar reações.
Relações Familiares e TDAH
"As relações familiares costumam ser conturbadas quando há uma
criança com comportamentos diferentes dos comumente esperados. Atrasar-se
constantemente, não ouvir o que lhe dizem, apelar para subterfúgios para
livrar-se de situações embaraçosas ou sem atrativos, fazer as coisas erradas, tudo são motivos que levam a um
dos cônjuges, geralmente o pai, a impacientar-se e exigir padrões de
comportamentos. O filho não consegue responder a essas ordens e geram-se
conflitos. A mãe tende a ficar mais ao
lado do filhote e, consequentemente, em discordância com o pai. Quanto maior o
desconhecimento do que está acontecendo com a criança, maior será o nível de
desentendimento, de acusações, de responsabilidade, de atribuição de culpa, o
que pode culminar, inclusive, em separação do casal. Muitas vezes a criança
pressente (ou escuta mesmo) que ela é a responsável e tenta convencer o pai de
que vai mudar, de que vai melhorar. Mas não é algo possível para ela, sozinha,
conseguir isso. É muito, muito triste ouvir uma criança dizer: “- Eu sou o
filho que não deu certo!”. Quanta dor em um coraçãozinho desses, quanta dor no
coração de quem escuta uma frase assim!" (pág 172-173 - Capítulo 13 - Livro TDAH Crianças que Desafiam)
Deixo 3 dos 20 exemplos de hábitos costumeiros e as sugestões de mudança:
Famílias que costumam:
|
Devem tentar hábitos mais positivos como:
|
Utilizar
apelidos pejorativos e xingamentos nos momentos de raiva
|
Expressar
raiva sem usar palavras que possam ferir, humilhar ou rotular.
|
Interromper
uns aos outros no meio da frase, impedindo de completar o pensamento
|
Dar a
vez. Entender e aceitar que, por vezes, vale mais ouvir do que posicionar-se.
|
Criticar
o tempo todo, encontrando sempre, com mais força, o pior no(s) outro(s) e nos
diferentes aspectos da vida. Criticar e maldizer pode se tornar um hábito."
(págs 174 a 176)
|
Apontar
o que está errado, sim, lembrando, também, de elogiar e apontar o bom. Dois
elogios para cada crítica é sempre uma boa prática. Mesmo ao comentar coisas
mais gerais, apontar o lado bom (ou, pelo menos, a boa intenção), forma
pessoas mais equilibradas e justas.
|
Adultos precisam rever sua forma de ser e viver a realidade. Adultos devem pretender voltar a sentir e respeitar o outro como sendo uma necessidade, por desejar um estado de mais harmonia nas relações.
Crianças esperam de seus pais um tempo real, dedicado somente a elas, tempo despretensioso, sem julgamentos, só convívio. Fácil? Não. Levar as idéias preconcebidas da mente até o coração e concretizar, daí, uma
nova forma de ser, agir e reagir não é uma viagem curta, nem fácil
de ser executada.
Isto não significa ‘deixá-los soltos’. Toda criança precisa de limites, mas, antes, é preciso que os adultos as entendam! Será a
partir desse acolhimento, dessa aceitação que será possível promover o
desenvolvimento desejado, com eventuais ajustes para um viver em sociedade mais
equilibrado. Para estas crianças ”muitos fatores que influenciam estão por conta da estrutura
familiar, de episódios traumáticos ocorridos na infância, de circunstâncias
como perdas importantes, a leitura de cada um frente a um fato, etc. A terapia
individual é, para vários especialistas, considerada a mais importante forma de
acompanhamento e muitas vezes pode conduzir, por si só, à melhora.” (pág.115)
Cada criança tem seu jeito único de ver e sentir a realidade |
A interpretação dos fatos é única e só o diálogo, muita, muita
conversa é que farão a diferença. E notem que o desafio é gigantesco, em um
mundo onde ninguém tem mais tempo pra nada. Onde a TV, os games, o PC, Ipod e
todos os outros sistemas, aplicativos e modos de estar em rede, parecem
abocanhar cada dia mais a atenção das pessoas. Até os dois anos a criança é uma
biblioteca, armazena t-u-d-o, sem nenhum filtro e isto se estende até os 12
anos, mais ou menos. A partir dali, ela apenas reage em função do que já
codificou como sendo as “suas” verdades.
Há pouco tempo um jovem, já quase adulto, comentou, de
súbito, em casa:
“- A mãe costumava rir de mim. Eu chorando e ela rindo!”
O choque para a mamãe, ali presente, foi grande, pois esta
não era a sua atitude, principalmente em relação às situações mais dramáticas.
E, ali, 15 anos depois, o rapaz reafirma isto “pois até viu em uma foto!” . Era
a fotinha de seu primeiro dia na escolinha, onde foi chorando. A tia quis tirar
uma foto e a mamãe agachou-se ao lado do pequeno, que chorava alto e, meio
constrangida, fechou os olhos e sorriu. Foram segundos. Mas a interpretação do
pequeno ficou gravada. Tenho ouvido de muitos pais que “agora tem muita
frescura! Tudo é problema! Tudo tem de ser cuidado!” Mas, queremos, enquanto
adultos, acertar, não é mesmo¿ Pai, mãe, façam-se primeiro a pergunta:
- Quem está em primeiro lugar, para nós: O julgamento da
sociedade ou a Bem Estar dofilho¿
Se a resposta for o bem estar do filho, bem, então, é
preciso efetuar ajustes no grau de empatia! No pequeno relato acima, nada mais
havia a fazer em relação ao passado, pois a interpretação fora aquela, durante
anos. Entretanto, agora, no presente, deu para dizer o que realmente havia
acontecido, explicar, acolher, e retomar a parceria.
Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com
blogs:
Nenhum comentário:
Postar um comentário