quinta-feira, 9 de junho de 2016

Nossa Relação com o TDAH - O que é Inclusão? Relato de Pai

Ser um desatento, impulsivo, hiperativo não é ser irresponsável ou imaturo, todos somos especiais; pra ocasiões diferentes é preciso resoluções diferentes, é preciso que todos façamos nossa parte.


Por Roseverto Teixeira
09.junho.2016
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2016/06/nossa-relacao-com-o-tdah-o-que-e.html




Em março de 2009 fui convidado por uma professora a ir até a escola que minha filha Camila estuda; escola particular, como a maioria dos pais soube que minha filha tinha TDAH pelos gestores da escola... Na época não acreditei, eu não entendia muito bem o conceito, o que era TDAH? me falaram que era um transtorno, o mesmo diminuía a capacidade de retenção e memorização do conteúdo na escola e causava alguns desconfortos na vida social; e que passava de pai pra filho, será que eu também tenho? ou é minha esposa que tem? pesquisei muito o assunto, buscando aprender bastante, eu precisava ajudá-la. 

Antes de aceitar esse julgamento, passei quatro meses observando tudo que acontecia ao redor da minha filha Camila. Realmente ela tinha os chamados traços que poderiam diagnosticar, dependendo da consistência e o grau como estas características estavam presentes, conclui que ela se encaixava na maioria das características, minha filha como a maioria das meninas não era o tipo hiperativo, havia uma predominância da desatenção, no colégio observei que ela era constantemente evitada pelas coleguinhas, isso me partiu o coração, o caderno da Camila não era organizado, na mochila amontoados de papeizinhos amassados, canetas sem tampa e lascas de lapís; na conversa ela dava voltas em torno de um assunto antes de conseguir chegar ao ponto, tinha tendência a tropeçar, cair e derrubar objetos e sua noção de tempo não correspondia ao tempo real, então comecei a aceitar o fato.

Eu tive que voltar a estudar depois de 20 anos, precisava fazer alguma coisa que pudesse ajudá-la, fiz o enem, passei, escolhí psicologia, como na minha cidade não tinha o curso, optei por fazer pedagogia, sou monitor da disciplina de Psicologia da Educação na universidade, sou mais pesquisador do que estudante, venho desenvolvendo alguns projetos com relação à inclusão e à desmedicalização da educação. Nos estágios é facil perceber o despreparo da maioria dos professores com relação à inclusão e tratamento dos alunos chamados especiais, isso é fato, é indiscutível. 

Lembro-me com tristeza quando minha filha pediu pra participar da quadrilha junina do colégio, os professores não queriam aceitar com a alegação que a mesma não acompanhava o ritmo dos colegas, fiquei chateado, aquilo era o contrário do que podemos chamar de inclusão, minha filha foi pesada, medida e julgada como incapaz, chamei a coordenação, falei poucas e boas, resolveram colocá-la. O mais triste estaria por vir, no dia da apresentação da quadrilha, vejo ela dançar quadrilha sem o par, nunca tinha visto isso! Ela dançava só, e não acompanhava o ritmo dos colegas, minha filha não era boa o suficiente para o colégio? me emociono quando lembro... Alguns colégios são reprodutores de ações que fazem com que as coisas piorem. Isso ficou claro, precisava me tornar um educador, no sentido mais amplo da palavra. 

O papel de uma escola é ajudar a formar para a Vida, não criar divisões, segregações. Os esportes, as apresentações, o teatro, os musicais da escola não deve ser o espetáculo que a escola espera que seja deslumbrante, a função é de formar cidadãos e de criar interação e integração e não deve privar nenhuma criança em detrimento do espetáculo.

As escolas não dão conta de ensinar os alunos de hoje, eles são diferentes, mais ativos e muito mais questionadores, temos um sistema educacional ultrapassado onde os educadores e demais responsáveis não assumem o despreparo em educar, culpando os alunos pela não aprendizagem. Ao se colocar o aluno como o "culpado" pela não aprendizagem é mais fácil se eximir da culpa de não ter se especializado. 

Trabalho em um projeto lúdico com crianças e sei que se o ensino for diferente, agradável, elas progridem muito, estamos falando de crianças amorosas e criativas, chega de crianças enfileiradas, uma atrás das outras, crianças devem ser tratadas e ensinadas como crianças, a inclusão só acontece se as crianças forem bem aceitas a ponto delas sentirem prazer em estudar. As disciplinas de hoje são as mesmas de 50 anos atrás, são engessadas, pouco criativas diante de uma nova demanda de alunos inquietos, questionadores, que não gostam e não aceitam ficarem calados e manipulados como  antes (onde os insurgentes levavam palmatoria ou o "chapéu-de-burro", olhando pra parede...

Incluir não é apenas colocar uma cadeira a mais no fundo da sala, incluir é ter resiliência, capacidade de se colocar no lugar do outro, aceitar que todos somos diferentes, considerar o nosso tempo, ter afetividade, amar e ser amado, ajudar da melhor forma, trabalhar no sentido positivo, considerando as limitações e diferenças, exigindo dos outros somente o que eles podem dar. 

Ser um desatento, impulsivo, hiperativo não é ser irresponsável ou imaturo, todos somos especiais; pra ocasiões diferentes é preciso resoluções diferentes, é preciso que todos façamos nossa parte, educar é responsabilidade de todos, precisamos rever nossas práticas pedagógicas, esta em sua maioria não inclui, as vezes exclui, mas tenho perseverança e fé que as coisas melhorem, vamos cada um fazer a sua parte, obrigado e um bom dia queridos amigos.









Roseverto Teixeira é educador, pesquisador e monitor da disciplina de Psicologia da Educação na Universidade Estadual do Piauí



e aí, vem sempre a questão: são as crianças que rejeitam?? ou são os adultos que semeiam o preconceito? quem sabe de um projeto antipreconceito, pra valer, em alguma escola, sendo capitaneado por professores e pais, disseminando na escola uma filosofia inclusiva? (Marise Jalowitzki)

Para Roseverto Teixeira e tod@s pais e mães: levem um vdeo como este e mostrem para a orientadora da escola.
"A Inclusão é um direito de todos!!!
Olhar humanizador é o que precisa acontecer!"
https://www.facebook.com/marcelo.herrig/videos/10204484006164663/ 

Roseverto Teixeira Marise Jalowitzki esse vídeo é maravilhoso, é exatamente essa inclusão pela qual lutamos, uma inclusão que respeite todas adversidades, destituída de ignorância e preconceito, que respeite e leve em consideração a educação humanizada,que seja acolhedora, carinhosa e exemplar, obrigado pela dedicação, sou grato a você e a todos do grupo.


Querendo, leia também:






Não tenham medo de enfrentar as escolas onde a falta de preparo para lidar com as diferenças impera, onde os profissionais acreditam que seres humanos devem seguir um padrão.
Por Andre Bax
29.abril.2016
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2016/04/tdah-relato-de-pai-nossos-filhos-devem.html





Medicação não substitui Amor

O Social no contemporâneo

Medicação não substitui Amor, Carinho, Compreensão, Companhia, Entendimento, Aceitação.

28.abril.2016
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2016/04/o-social-no-contemporaneo.html
http://marisejalowitzki.blogspot.com.br/2016/04/o-social-no-contemporaneo.html








 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

blogs:
www.tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br


LIVRO TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM
Informações, esclarecimentos, denúncias, relatos e dicas práticas de como lidar 
Déficit de Atenção e Hiperatividade



























Nenhum comentário:

Postar um comentário