Muito mais que brigar, castigar (pior ainda, bater) o bom desempenho está no estabelecimento de acordos, construídos com tempo, com calma, em conjunto, em verdadeira negociação.
A seguir estão preciosas dicas.
(Fica também a sugestão do Livro TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM, com capítulos específicos para as mudanças necessárias nas Relações Familiares e no real papel da Escola)
Por Marise Jalowitzki
Contribuições de Cassia Aiko Sato - Toyohashi - Japão
Comentário de Fer Gabriel Zamboni e Carla Pereira - Brasil
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2016/06/tdah-e-acordos-quadro-de-tarefas-perdas.html
Outro dia estava em frente a um jovem que se sentia deprimido e infeliz. Ele tinha a noção incorporada de que estava aquém das expectativas de seus pais, via seus irmãos obtendo sucesso em muitas tarefas e responsabilidades que ele não conseguia alcançar. Como retrazer a autoconfiança em quem ouviu e sentiu, desde bem pequeno de que aquilo que fazia, produzia, pensava e sentia não era o esperado pelos demais? Não era o "certo"?
- Há pais e mães que gritam, que se enfurecem, que batem, que não acreditam que a criança realmente não consegue! E não dá para tirar de todo a razão desses genitores, pois, por vezes, parece mesmo que o filho está fazendo de propósito!!
Uma mãe diz: "Como vou me convencer de que ele 'não sabe'? Ele sabe sim! Quando faz o tema de casa comigo, diz tudo certinho, vai acompanhando, raciocina e, de repente, se distrai e parece que dá um branco! Não diz mais nada, não diz mais coisa com coisa!"
Outra mãe fala: "Em casa faz todos os temas, fiz uma simulação oral de uma prova inteira e ele respondeu tudo certo! No outro dia, na hora da prova, não acreditei quando a professora me mostrou a folha toda em branco! Por que ele faz isso comigo?"
- Há também pais e mães que desenvolvem uma pena imensa de seu filho "que não consegue" e que só recebe a incompreensão na escola! As crianças, em sala de aula, apresentam crises de ansiedade, são agressivas ou choram (ou as duas coisas). Chegam em casa aos prantos, declaram: "Eu pedi a Papai do Céu que me ajudasse, mas, mesmo assim, não consegui!" As mães, em desalento, relatam que choram junto com seus filhos.
O alerta é para que os pais avaliem quantas vezes este comportamento (de descrédito e-ou pena) acaba se repetindo! Pois, quanto mais tempo a criança vivenciar tais reações e sentimentos, mais vai se convencer de que são verdades! E esta raiva ou esta pena se internalizam, passam a fazer parte da avaliação que a própria criança faz de si! Complicado!
Incentivar o respeito e a solidariedade deve ser uma constante |
Amor e Compreensão
Quando comento que o Amor e a Compreensão são o "casal-que-dá-certo", sei que nem todas as pessoas entendem. Por parecer simplista e até utópico. Mas é o que funciona!
Amor é Acolhimento, é Aceitação das dificuldades, é mostrar, em todos os momentos, que você está ao lado de seus filhos, que confia neles, que acredita neles, que aposta neles e que vai auxiliá-los a vencer as diferentes etapas da Vida!
Compreensão é o Entendimento necessário de que seu filho não é um "sem vergonha" e nem está fazendo isso para te desafiar.
É importante que os pais recebam cada vez mais informações, ajuda mesmo, conhecimentos vários e não sejam apenas responsabilizados (como em tantos casos), seja por "herança genética", seja por "não saber educar"!
Tenho a mais absoluta certeza de que, caso as mamães pudessem sentir mais apoio dos especialistas da saúde, e mais entendimento da situação pelos educadores, estaríamos tod@s bem menos estressad@s! E os amadinhos, sem dúvida, muito mais felizes e saudáveis!
Estabeleça metas possíveis
Adultos precisam de coerência. De nada vai adiantar estabelecer uma tarefa como a acima, se os pais brigam entre si, xingam pessoas no trânsito, discutem (em público ou privado) |
No intuito de dotar os pais de mais ferramentas para lidar com seus pequenos - seja os mais impulsivos, agressivos, hiperativos, opositores, desafiadores, seja para os mais desatentos, lentos, ou distraídos - coloco aqui algumas ideias em forma de perguntas e respostas, partindo de algumas premissas:
- Bater não resolve (só cria ressentimento e mais confusão acerca do que é certo e errado, além do que, com a Lei da Palmada, os pais ainda podem se complicar. Embora eu tenha conhecimento que diretoras de escola, professoras e até pediatras ainda recomendem "nada melhor do que duas chineladas diárias!" - Isto é inadmissível!)
- Gritar não resolve (pois mostra que os pais também já perderam o controle, o que só põe tudo a perder, além do que, ao gritar, geralmente se está com raiva e se acaba dizendo coisas inverídicas ou extremadas! E, mais, como, em algum momento, o ser humano adulto pode perder o controle e gritar também, como fica isso na cabeça da criança? Os pais podem, a professora pode, ele não 'pode-e-não-deve'?)
- Falar muito não resolve (até os adultos apenas conseguem assimilar o que escutam durante até 20 minutos, por mais interessante que seja o tema! Depois, se não tiver imagens e movimento, nada feito! Que dirá as crianças! Use frases curtas e objetivas. Fale e deixe espaços de tempo em silêncio, mesmo que você esteja com raiva.)
Cuidado ao escrever certas tarefas! Esta aí acima, por exemplo. Quem pode determinar o que é "sem motivo" para uma criança? |
- Procure estar sensível aos sentimentos da criança. É temerário colocar como tarefa: "Não gritar", "Não chorar sem motivo" - Quem pode dizer para a criança que seu choro é sem motivo? Como colocar simplesmente como tarefa "Dormir sozinho"? Isto não acontece assim! A criança precisa ser ouvida, as causas investigadas, por vezes chazinhos e massagens com óleo relaxante (camomila é o melhor), vai ajudar para que a situação mude sem traumas. (Neste último exemplo 'deixar chorar' já se sabe que acarreta mais problemas do que ficar com a criança até esta adormecer.)
Ouvir a criança é sempre muito importante.
Ao invés de dizer "Não estrague" (estágio do erro), instigue a criança para o estágio do acerto "Respeite")! |
- Usar "Não!" é pífio (o "Não!" leva o pensamento para o restante da frase, em tom afirmativo. Exemplo: "Não pense em uma maçã vermelha!" - em que você pensou? Numa maçã vermelha!!!)
Também evite termos como "todos os dias", "sempre", "nunca". Como a atividade já vai estar no quadro da semana, já se entende que a ação deve ser diária. |
- Temas muito extensos não funcionam para quase todas as crianças. Textos curtos, fazer em partes, pode dar resultados bem mais vantajosos.
Assim, escolham aquelas sugestões que mais se ajustam à situação, à idade de seu filho e Felicidades!
Fer Gabriel Zamboni Post maravilhoso... preciso encontrar um profissional desse aqui na minha região. A médica do meu filho me dá muitas dicas, mas é a favor da medicação. Por enquanto, estou lutando sozinha sem medicá-lo e sempre seguindo as dicas do grupo e principalmente as suas Marise Jalowitzki que me abriu os olhos quando mais precisei.
Obrigada, também à Cassia Aiko Sato . Adorei! Grande bj
Marise Jalowitzki Hoje ouvi de uma amiga do litoral: "Vai ajudar muitas mães e evitar algumas palmadas!"... uffa!! ai,ai!... que bom! Bjs
Carla Cristina Ótimo post! Mais uma vez você está de parabéns! Esses quadros ajudam demais! Uso com meu filho o quadro de regras desde os seus 3 anos. E a cada ano ou necessidade, algumas regras saem e outras entram.
E ele mostrava pra todo mundo que chegava em casa o quadro das regrinhas e explicava cada uma Rsrsrsrsrs sempre ficou pregada na porta do seu quarto.
Ele tem também um outro quadro para colocar as estrelinhas que ganha pelo bom comportamento na escola e nas tarefas.
Mas gostei demais do quadro calendário semanal e do de atividades pois poderei englobar as coisas que temos mais necessidade de atenção em um quadro só e como ele já está alfabetizado, será mais interessante ler. E posso assegurar que sim, já poupou inúmeras palmadas, stress e remorso.
E este é o quadro de estrelinhas que falei:
Marise Jalowitzki
Carla Cristina, que beleza! Achei tão pertinente a questão de ele mostrar a todos que chegavam na casa! É a isso que me refiro quando comento que uma tarefa, um 'dever', um "tem que..." pode ser transformado em um motivo de satisfação, de importância!
Publicado originalmente em 01.Abril.2015 - no blog Compromisso Consciente
Querendo, leia também:
“É amplamente aceito que doenças como TDAH são geneticamente programadas, assim como a esquizofrenia e tantas outras. A verdade é o oposto. Nada é geneticamente programado.
PREDISPOSIÇÃO genética não é
PREDETERMINAÇÃO genética.”
Dr. Gabor Maté
Físico, autor de Portland Society
Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com
blogs:
www.tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br
LIVRO TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM
Informações, esclarecimentos, denúncias, relatos e dicas práticas de como lidar
Déficit de Atenção e Hiperatividade
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Déficit de Atenção e Hiperatividade
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