domingo, 5 de abril de 2020

Coronavírus, isolamento social e a responsabilidade dos pais

Corra! Mas corra muito! Mas que seja para exercitar a Tolerância, o Acolhimento, o Amor!
Foto: Arquivo Pessoal





Por Marise Jalowitzki

Tempos de desafios para todos. Hoje quero comentar sobre os pais e o momento inédito de convivência diuturnamente com seus pequenos.

Aos que conseguem ver esta fase como uma experiência pra aprender de verdade como se expressa Amor em tempos de dúvidas e incertezas, só posso dizer: o mais autêntico é o agora! Se você está conseguindo passar bem, confortavelmente, Parabéns!


Muitos não o conseguem. O que lamento muito.


Ontem o dia caracterizou-se por uma enxurrada de mensagens - seja por inbox ou por outros meios - de pais e mães se queixando sobre a nova situação de TER de estar, em tempo integral, com os filhos em casa, face ao isolamento social em virtude da pandemia do SARS-Cov 2. O dia foi de adultos se lamentando o quão difícil está sendo enfrentar esta realidade de convívio familiar.


Gente, eu não posso deixar de ficar perplexa! Em que momento, para estes que se queixam, o lar se tornou um espaço tão difícil de convívio, de ser e de estar, de dividir e de trocar, de compartilhar, de ouvir e de falar?

Como as coisas se modificaram tanto, nos últimos tempos, a ponto de a casa, o lar, o convívio em família mais prolongado, se tornarem um fator de angústia, ao invés de harmonia, congraçamento e celebração, de convívio feliz?

Ao invés de ocupar o tempo com brinquedos, folguedos, danças em família, cantos, teatros de fantoche, gravações de videos, de contar histórias, fazer comidas inéditas, todos participando, de utilizar este período pra reafirmar laços afetivos, de exercício da tolerância, de compreensão... Puxa, nossa sociedade realmente está doente!






Poucas pessoas estão se dando conta da necessidade de revisar seus valores, de revisar seus estados e estágios de convívio harmônico.

Continua-se repetindo que a família é a célula-mater da sociedade, mas, que 'mater' é esse grupamento relacional? Já que tudo, na formação do indivíduo, é resultante dos comportamentos e valores perpetrados no âmbito familiar, em primeiríssimo lugar, já que ali, no âmbito familiar, que o indivíduo carrega pela vida afora, fatos e ações que formatam o caráter. E obter esta formação-formatação, ocorre pela repetição, repetição, repetição. Ou seja, quanto mais intolerância, menos capaz o serzinho se sente de agir com autenticidade. Podendo, depois, direcionar-se ou para uma grande timidez e isolamento, ou para agressividade e até violência. Quando não os escapes para drogadição...



Então, a responsabilidade dos pais e de todos os adultos que influenciam no convívio é imensa.

Importa criar condições para que o isolamento social seja um situação tão memorável, e boa, que os pequenos levem para toda a vida como uma lembrança amorosa - quer coisa mais forte que sentir-se amado(a), acolhido(a), acarinhado(a) em uma situação de perigo, de risco?

Entretanto, uma significativa parcela dos adultos se queixa, se impacienta, revela estar com "os cabelos em pé", de "não ver a hora de acabar tudo isso".... Não bastassem as mensagens que recebi, o vizinho gritão que tenho a dois edifícios de distância, repete seu refrão de críticas de final de semana ao menino, agora de forma mais intensificada, por estar em casa... Não se ouve a voz da mãe.


Senhor, como não ver que é uma oportunidade ímpar, essa, de não exigir tanto dos outros, de praticar a empatia, de colocar em exercício a brincadeira, a leveza... e, com os demais parentes - quiçá menos bem queridos - de exercitar a tolerância, o perdão, a compreensão, face a história de cada um.



Foto: Pexels - Nicholas Githiri


Acorda, Humanidade! Acorda!

Ainda que você não queira, o mundo não voltará mais a ser o mesmo!

Este vírus, assim como os demais, chegou para ficar. Sim, podem encontrar logo, logo, um remédio, vacinas. Torço muito por isto. 


Porém, como diz um mestre: "A bomba, no local em que cai, aniquila tanto culpados como inocentes. Estamos vendo isso. E é provável que haverá reincidência, seja pela resistência que o vírus desenvolva, seja pelo aparecimento de um novo dano à espécie humana (que, até o presente momento, parece ser a única preosupação: a espécie humana, enquanto todas as espécies continuam sofrendo as consequências de nossa irresponsabilidade). 


Até mesmo a malária, que havia sido erradicada há décadas, está de volta.


Sim, estão buscando uma vacina. E provavelmente vão obtê-la. Mas, e a conversão resistente destes agentes? As possíveis adaptações? Se ele adoece e mata em climas tanto frios quanto quentes (veja que isto ocorre em nosso país, do RS ao Ceará)...

Todo o planeta vem sendo maltratado há séculos e, especialmente, na nossa devastadora era, seja pelo desmatamento, seja pelo sacrifício animal, ingestão inadequada de alimentos, excesso de urbanização. (Hoje mesmo li que até os tremores de terra diminuíram em função do momento de isolamento que estamos passando, o que deixa menos movimento de veículos nas ruas...)


Tudo que construímos até aqui está em excesso de indiferença com o entorno, sejam populações, sejam gerações, sejam ambições, Natureza e todos os seres que nela habitam.


Ainda não se sabe tudo sobre o SARS-COV-2. As vacinas, quando finalmente comprovadas, terão quais efeitos colaterais?


Isto é semear pânico? Claro que não!


O clamor é para a conscientização de que grandes aglomerados deverão ser revistos, o que vai afetar diretamente os estádios abarrotados, ruas e shoppings, bailes populares, touradas e rodeios... A nova situação vai exigir cuidados redobrados; imunizações mais frequentes. Reforço ao sistema imunológico, de forma preventiva, deve se estender a todos, indistintamente, o que envolve uma alimentação adequada, vegetariana ou vegana, sem sacrifício animal embutido; comida caseira, menos fastfood, menos refrigerantes, fumo, tanta coisa! Maior responsabilidade social. Consigo. Com o outro. Com a Natureza. Há brasileiros (e cidadãos pelo mundo todo) conscientes desta necessidade. Dando os primeiros e efetivos passos.


Conscientização séria, amorosa, de nossa postura frente a tudo, e tanto, que, irresponsavelmente, temos perpetrado, sem se importar com as consequências.


Sim, nada neste sentido poderá acontecer, enquanto uma maioria clamar: "Quero a minha vida de volta!"

... como se já estivesse morta.... 

Vida é o que temos agora! E os que eu ouço reclamar são os que tem uma casa para morar, alimento farto, água encanada, luz elétrica, web à disposição e, o melhor de tudo: seus afetos próximos, vivos, querendo estar e ficar bem.


Não será melhor pensar em ser mais ameno nas conquistas, nas aquisições, nos esbanjos desnecessários, na intolerância e exclusão, e olhar para os lados, para ver como vivem  os excluídos, como vivem os que não tem o teto, o alimento? E agradecer pelo que tem? E auxiliar como pode os que nada, ou bem pouco, possuem?


Já pensou em como é construir uma vida nova, baseada em mais compreensão e entendimento? Em menos acúmulo e mais doação?





Já pensou nisso?

Por certo tal não acontecerá por decreto, medida provisória ou projeto de lei. Acontece no coração de cada um.


Faça agora! Faça já! Semeie Carinho! Semeie União!Corra! 

Mas corra muito! Mas que seja para exercitar a Tolerância, o Acolhimento, o Amor!



Referências:
Foto 1: Brinquedo de meus netos, quando pequenos - Flecha, do filme Os Incríveis - Arquivo Pessoal
Foto 2: Nicholas Githiri - Pexels - https://www.pexels.com/pt-br/foto/acessorio-afeicao-afeto-alegria-1027931/
Links mencionado no texto, sobre a malária: http://compromissoconsciente.blogspot.com/2020/03/cientistas-pediram-limite-criacao-de.html
Link sobre vegetarianismo-veganismo: http://acaopelosdireitosdosanimais.blogspot.com/2020/03/carne-vegetal-57-dos-brasileiros-estao.html
Link deste post: https://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com/2020/04/coronavirus-isolamento-social-e.html




"Nós temos uma ambição com a qual concordamos.
E você pensa que tem de possuir bem mais do que precisa."



Foto: Jeffrey Czum -Pexels




O DIREITO ANIMAL E A EVOLUÇÃO HUMANA






Mundão caótico, onde quase todos seguem uma mesma trilha, sem nem saber onde vão chegar!
Foto: Cameron Cassey - 
Pexels


União, Saúde e Paz!




Marise Jalowitzki é mãe, avó, sogra, irmã, tia, filha, neta, amiga, cidadã.Também é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas.Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano. Querendo, veja aqui