sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Sobre a validade das publicações científicas - Declaração de Berlin





Sobre a validade das publicações científicas - Declaração de Berlin

Offline: A new Berlin Declaration for STM publishing


A nossa indústria está em boa forma? A indústria está a publicar e a questão foi colocada na conferência Academic Publishing in Europe, realizada na semana passada na magnífica Academia de Ciências e Humanidades de Brandemburgo, magnífica e cheia de balas. Duas vistas impressionantemente opostas foram apresentadas. 
(...)
Ralf Schimmer, vice-chefe da Biblioteca Digital Max Planck, viu nada menos do que um fim. Ele explicou a missão do Open Access 2020, uma iniciativa que busca matar a publicação de assinaturas nos próximos 4 anos e substituí-la completamente por um modelo de acesso abertoEle diagnosticou publicação científica como tendo os "sintomas de um sistema de deterioração". Ele pretendia expor a "nudez do sistema de subscrição", cujos "dias estão visivelmente superados". Tradicionais editores, com poucas exceções, declararam-se confiantes em suas auto-avaliações sobre a robustez do seu futuro. Os defensores do acesso aberto estavam igualmente convencidos de que iriam prevalecer sobre um modelo de assinatura que eles odeiam tão amargamente. Saí de Berlim pensando em uma praga em suas casas.
(...)
...as suposições que compartilhamos hoje na publicação científica - onde pretendemos atender às necessidades dos leitores, acrescentar valor e promover o bem-estar humano - estão se tornando cada vez menos verdadeiras. Como o encontro de Berlim mostrou muito claramente, quando confrontados com crises globais generalizadas, nossa resposta é introspecção, incerteza, ansiedade, dúvida e desunião.
Conversamos sobre questões para tentar assegurar nossa importância: nossa reputação coletivamente pobre, melhorando a revisão pelos pares, a discriminação de gênero.
Mas não falamos sobre como poderíamos enfrentar epidemias emergentes, mudanças climáticas, conflitos e guerras.
A publicação acadêmica perdeu contato com as preocupações da própria sociedade que deveria servir. Tornou-se tão envolvida em suas próprias preocupações técnicas e lutas internas, que as dificuldades globais que os editores devem abordar foram esquecidas ou ignoradas.
Existem alguns valores que os editores acadêmicos deveriam estar lutando em voz alta e em público. Os fatos ainda importam. As liberdades precisam ser defendidas. Equidade e igualdade são metas sociais importantes. Existe uma coisa como a justiça social. 
O progresso só será alcançado através da cooperação, não do isolamento ou do unilateralismo. Em 2003, foi publicada a Declaração de Berlim sobre Acesso Livre ao Conhecimento nas Ciências e Humanidades. Foi um marco auto-declarado no movimento de acesso aberto. 2017 exige uma outra Declaração de Berlim, uma dirigida às crises que enfrentamos hoje. A Declaração eu ofereço é apenas uma proposta, mas eu espero que você possa considerar inscrever-se nela.
Diz, por exemplo: "Nós, abaixo assinados, estamos preocupados com o fato de que as potenciais contribuições feitas pela publicação acadêmica com vistas à prosperidade e progresso humanos, bem como para a proteção dos ricos - mas vulneráveis - recursos ecológicos e culturais de nosso planeta, não tenham alcançado seus objetivos. De acordo com o espírito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, lançado em 1º de janeiro de 2016 e com data prevista para conclusão em 31 de dezembro de 2030, desejamos nos empenhar em usar os recursos editoriais disponíveis para acelerar o progresso no cumprimento desses objetivos acordados internacionalmente ". Editores acadêmicos: façamos algo importante. Juntos.
Ler na íntegra: http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(17)30183-6/fulltext?elsca1=etoc
DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(17)30183-6
Link deste blog: http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2017/01/sobre-validade-das-publicacoes.html


Em 11.fevereiro.2017
Somente leitores atentos podem assimilar o que significa uma PUBLICAÇÃO (e apenas isso, uma publicação) divulgando o resultado de uma pesquisa. Não há conclusões, apenas hipóteses, interpretadas de um jeito por alguns cientistas e refutadas por tantos outros.

Claro que um título tendencioso, em um país onde a maior parte da população não se interessa em ler, vai levar o leitor desatento a interpretar o que quer.

Aqui temos um desses casos.Trata-se de uma pesquisa de 2010, recentemente republicada pela associação brasileira, entidade patrocinada pelos laboratórios farmacêuticos fabricantes de Ritalina, Concerta e Venvanse:


BBC
01/10/2010 06h32 - Atualizado em 01/10/2010 10h58

Estudo vincula déficit de atenção e hiperatividade a mutação genética

TDAH não é causado por inabilidade dos pais em educar, dizem cientistas.
Pesquisa publicada na revista 'The Lancet' analisou 366 crianças.

BBC
Cientistas britânicos dizem ter encontrado, pela primeira vez, evidências da existência de uma raiz genética para a condição conhecida como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Outros especialistas questionaram veementemente as conclusões da equipe da Cardiff University
A equipe, da Cardiff University, no País de Gales, Grã-Bretanha, afirma em um artigo na revista científica "The Lancet" que a condição, que afeta crianças em todo o mundo, resulta de um problema no cérebro - como o autismo, por exemplo - e não de uma inabilidade dos pais em educar seus filhos.
O estudo envolveu análises de partes do DNA de 366 crianças diagnosticadas com a condição.
Outros especialistas, no entanto, questionaram veementemente as declarações da equipe, argumentando que apenas um pequeno grupo das crianças com TDAH estudadas apresentou as alterações no DNA e que, na maioria dos casos, a condição seria resultante de uma combinação entre causas genéticas e fatores externos.
Na Grã-Bretanha, estima-se que 2% das crianças sofram do problema.
Elas tendem a ser agitadas e impulsivas e podem ter tendências destrutivas, além de apresentar problemas sérios na escola e na vida familiar.
Estudo
Os pesquisadores compararam amostras do DNA de crianças com TDAH com o DNA de 1.047 pessoas que não sofriam da condição.
Eles constataram que 15% das crianças com o distúrbio tinham alterações grandes e raras no seu DNA, em comparação com apenas 7% no outro grupo.
Uma das integrantes da equipe da Cardiff University, Anita Thapar, disse: "Descobrimos que, em comparação com o grupo de controle, as crianças com TDAH têm muito maior incidência de pedaços de DNA duplicados ou faltando".
"Isso é muito empolgante porque nos dá o primeiro vínculo genético direto com TDAH".
"Analisamos vários fatores potenciais de risco no ambiente - como a contribuição dos pais ou o que acontece antes do nascimento - mas não há evidências que confirmem que (esses fatores) estariam associados ao TDAH".
"Há muita incompreensão por parte do público em relação ao TDAH", ela disse. "Algumas pessoas dizem que não é um transtorno, ou que o problema resulta da inadequação dos pais".
"A descoberta de um vínculo direto deveria corrigir esse estigma."
A equipe de Thapar enfatizou que não há um único gene por trás da condição e que a pesquisa está em um estágio muito inicial para que haja algum teste para o problema.
Mas o grupo espera que o estudo auxilie na compreensão das bases biológicas do TDAH, o que poderia, um dia, resultar em novos tratamentos.
Repercussão
Andrea Bilbow, diretora executiva de uma entidade britânica de apoio a famílias que enfrentam o problema, a ADDIS, disse estar animada:
"Sempre soubemos que havia um vínculo genético, com base em estudos e evidências empíricas. Esse trabalho vai nos ajudar a lidar com os céticos de maneira mais confiante. Eles estão sempre prontos a culpar os pais ou os professores."
Outros especialistas, no entanto, foram bastante críticos em relação ao estudo.
O diretor de uma entidade britânica ligada à saúde mental, Tim Kendall, disse que o TDAH é causado por vários fatores, e que associá-lo exclusivamente a causas genéticos poderia resultar em tratamentos incorretos.
"Tenho certeza de que esses estudos não vão produzir evidências inquestionáveis de que o TDAH é causado apenas geneticamente."
"Estou dizendo que (a condição resulta de) uma mistura de fatores genéticos e ambientais e que o importante é que não acabemos pensando que isso é um problema biológico sujeito apenas a tratamentos biológicos como (o remédio) Ritalina."
Um psicólogo infantil, Oliver James, citou estudos anteriores que observaram o efeito da ansiedade entre mulheres grávidas e dificuldades de relacionamento entre mães e seus bebês logo após o nascimento.
Ele disse: "Apenas 57 das 366 crianças com TDAH tinham a variação genética que seria a suposta causa da condição. Isso indica que, na vasta maioria dos casos, outros fatores são a causa principal."
Este artigo foi publicado pelo G1, em 2010. Até o momento nada há de conclusivo.
Link: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/10/estudo-vincula-deficit-de-atencao-e-hiperatividade-mutacao-genetica.html







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