QUEM DEFENDE O CIDADÃO NOS CASOS DE ERROS MÉDICOS?
VEJA, AO FINAL DA PÁGINA, LINK CONTENDO ENTREVISTA COM DR. LISANDRO CALIR ADAMES
Por Marise Jalowitzki
28.setembro.2015
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2015/09/tdah-oxcarbazepina-e-proibida-no-brasil.html
Para mim, por vezes, é bem difícil escrever sobre os temas que me chegam às mãos. Eles me estarrecem, tenho dificuldades em respirar. Com muita dor,"rasgo-me" em escrever um artigo o mais esclarecedor possível, no afã de dar conhecimento o mais possível às mães.
COMO calar quando se conhece algumas coisas assim terríveis? E quando se percebe o muito que, simplesmente, não é dito para os pais de crianças que recebem a receita do médico para tratar, por exemplo, de uma reclamação da escola porque a criança é lenta em copiar tudo o que exaustivamente a professora escreve no quadro de giz???
Pois há alguns dias uma mãe veio perguntar sobre um "remédio" que o médico havia receitado para seu filhote de 9 anos que estava com este "diagnóstico": Déficit de Atenção.
A mãe traz de sua angústia pois, ao levar seu filhote uma única vez ao médico, já saiu de lá com a receita na mão, nenhum outro exame ou encaminhamento foi solicitado. Ela diz, como em um lamento: Meu filho é bom, é um menino querido, é atencioso e carinhoso. Só na escola que a professora reclama que ele não quer copiar o tema, ficando lá, copiando devagar demais!
Pergunto qual o medicamento receitado pelo médico e ela diz: Oxcarbazepina. Respiro fundo e envio a lista de efeitos adversos, iniciando pelos mais comuns (1 em cada 10 crianças medicadas apresenta tais efeitos).
Ela lê a primeira lista e exclama: "Que horror! Que horrível isto! Mas, este remédio é pra Desatenção?"
Resposta:"É um antiepiléptico, usado off label para tdah, usado para conter a agressividade... Ela repete... "meu filho não é agressivo, é só desatento na escola..." Ela pergunta o que é off label e respondo. Agora, resolvo escrever mais este artigo!...
Como outra mãe (de MG) descobriu que o fármaco receitado estava errado!
Este é o caso de um garoto tem 13 anos de idade e é apontado como portador de déficit de atenção. A mãe, receita na mão, vai até o SUS e recebe a informação que o medicamento não é fornecido pelo SUS, portanto, sem gratuidade no recebimento. Ela procura um advogado na Defensoria Pública, que encaminha o caso a um Juiz e este interpela o SUS. a fim de ver a possibilidade de obter o psicofármaco.
A resposta do SUS:
"A Oxcarbamazepina é um derivado natural da Carbamazepina, sendo consenso que este fármaco apresenta o mesmo mecanismo de ação da Carbamazepina (inibição dos canais de sódio e dos canais de cálcio) e é usado nas mesmas condições clínicas, não existindo diferenças consistentes entre ambas. Evidências científicas não sugerem superioridade de uma em relação à outra. A carbamazepina esta listada na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais(Rename)."
"A oxcarbamazepina é um anticonvulsivante, indicado no controle de diversas crises epiléticas e com indicação secundária no tratamento de transtorno afetivo bipolar e dor neuropática. Não existe nenhuma comprovação científica referente à indicação de oxcarbamazepina no tratamento de déficit de atenção com hiperatividade e seu uso com esta finalidade não é aprovado pela ANVISA e nem pela FDA (Food and Drug Administration – US)." (Tribunal de Justiça de Minas Gerais - 2013)
(Convém ressaltar que o uso fora das indicações de bula, isto é, uso terapêutico não autorizado, significa que a ANVISA não reconhece como uso seguro e/ou eficaz.)
"A oxcarbamazepina (ou oxcarbazepina) não consta na RENAME e, portanto, não é disponibilizada pelo SUS. "
O caso todo consta aqui:
Biblioteca Digital do TJMG > Judicialização da Saúde > Respostas Técnicas
http://bd.tjmg.jus.br:80/jspui/handle/tjmg/5247
http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/destaques/arquivo/2015/04/6f8a46bc1838c359425c3b2315a9ff11.pdf - Também sobre Lisdexanfetamina
"A Oxcarbamazepina é um derivado natural da Carbamazepina, sendo consenso que este fármaco apresenta o mesmo mecanismo de ação da Carbamazepina (inibição dos canais de sódio e dos canais de cálcio) e é usado nas mesmas condições clínicas, não existindo diferenças consistentes entre ambas. Evidências científicas não sugerem superioridade de uma em relação à outra. A carbamazepina esta listada na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais(Rename)."
"A oxcarbamazepina é um anticonvulsivante, indicado no controle de diversas crises epiléticas e com indicação secundária no tratamento de transtorno afetivo bipolar e dor neuropática. Não existe nenhuma comprovação científica referente à indicação de oxcarbamazepina no tratamento de déficit de atenção com hiperatividade e seu uso com esta finalidade não é aprovado pela ANVISA e nem pela FDA (Food and Drug Administration – US)." (Tribunal de Justiça de Minas Gerais - 2013)
(Convém ressaltar que o uso fora das indicações de bula, isto é, uso terapêutico não autorizado, significa que a ANVISA não reconhece como uso seguro e/ou eficaz.)
"A oxcarbamazepina (ou oxcarbazepina) não consta na RENAME e, portanto, não é disponibilizada pelo SUS. "
O caso todo consta aqui:
Biblioteca Digital do TJMG > Judicialização da Saúde > Respostas Técnicas
http://bd.tjmg.jus.br:80/jspui/handle/tjmg/5247
NATS RR 82 2013 Oxcarbamazepina complementar (2).pdf |
Entendendo a tabela de Classificação dos Efeitos Colaterais
As reações adversas (Tabela 1), estão listadas por ordem de frequência,
a mais frequente primeiro, usando a seguinte convenção:
- muito comuns - 1/10, ou seja, 1 paciente-usuário em cada dez pacientes-usuários apresenta estes efeitos colaterais.
- comuns - de 10 a 100, ou seja, entre 10 a 100 pacientes-usuários, registra-se um paciente que apresenta os efeitos colaterais.
- incomuns - de 100 a 1000, ou seja, entre 100 a 1000 pacientes-usuários, um paciente apresenta tais efeitos colaterais (≥ 1/1.000, < 1/100);
- raras - de 1000 a 10.000, ou seja, entre 1000 a 10.000 pacientes-usuários, um paciente apresenta tais reações colaterais (≥
1/10.000, < 1/1.000);
- muito raras - mais que 10.000 pacientes-usuários, um paciente registra tais efeitos colaterais (< 1/10.000); incluindo relatos
isolados.
Você sabe o que significa a expressão "Uso off label"?
Efeitos secundários de Trileptal - oxcarbazepina
Efeitos secundários comuns de Trileptal - oxcarbazepina
Severos
- Infecção aguda do
nariz, garganta ou Sinus
Graves
Graves
- Sensação de Tontura
- Girando -
Menos Graves
Menos Graves
- Confusão –
- Visão dupla
- Sonolência
- Dor
- Movimento
involuntário dos olhos
- Movimentos
Involuntários
- Alterações de humor
- Problemas com Visão
- Cólicas
- Falta de coordenação
Efeitos secundários pouco frequentes de Trileptal - oxcarbazepina
· Severos
·
Anormal pressão arterial baixa -
·
Diminuição da nitidez da visão -
·
Febre -
· Graves
Gravação anormal da atividade elétrica do cérebro -
Fit -
·
Infecção -
·
A infecção causada por um vírus -
·
Baixa quantidade de sódio no sangue -
·
Efeito tóxico no cérebro ou na medula Função Cord -
· Menos Graves
Manejo anormal ao andar
·
Acne
·
Dores nas costas
·
Bronquite
·
Equimose
·
Dor Torácica
·
Problema crônico de sono
·
Confusão
·
Tosse
·
Diarréia
·
Dificuldade em falar
·
Boca seca
·
Excesso de micção
·
Sudorese excessiva
·
Sede excessiva
·
Vontade de vomitar
·
Sentindo Inquietude
·
Retenção de líquidos nas pernas, pés, braços ou
mãos
·
Evacuações incompletas ou pouco frequentes
·
Indigestão
·
Inflamação do nariz
·
Inflamação ou infecção da Vagina
·
Perda de memória
·
Pouca Energia, lentidão
·
Fraqueza muscular
·
Nervosismo
·
Hemoragia Nasal
·
Erupção cutânea
·
Reação devido a uma alergia
·
Sinus irritação e congestionamento
·
·
Vermelhidão temporária do rosto e pescoço
· Irritação na Garganta
·
Vômitos
·
Infecção do Trato Urinário
·
Ganho de Peso
Os efeitos secundários raros de Trileptal - oxcarbazepina
· Severos
Broncoespasmo
Queima de estômago
Alteração da função hepática - Testes
·
Diminuição adquirida de todas as células do sangue
·
Erupções pustulosas agudas a Erupções na pele
·
Insuficiência renal aguda em pacientes com
doença grave do fígado
·
Reação alérgica causada por uma droga
·
Sangue vindo do ânus
·
Cataratas
·
Priapismo - ereção dolorosa continuada
·
Diminuição das plaquetas do sangue
·
Diminuição das células brancas do sangue
·
Deficiência de Granulócitos, um tipo de glóbulo
branco
·
Distúrbio na capacidade do olho para Foco
·
Eritema Multiforme
·
Cálculos biliares
·
Urticária gigante
·
Pensamentos suicidas
Suicídio
Suicídio
·
Hemorragia no cérebro
·
Pressão arterial elevada
·
Aumento de eosinófilos no sangue
·
Inflamação do intestino grosso
·
Rim Inflamação
·
Pedra no rim
·
Manchas roxas ou marrons grandes na pele
· Ameaça à vida
Reação alérgica
Reação alérgica
·
Baixa contagem do sangue devido à falha na Medula Óssea
·
Problemas no tecido pulmonar
·
Pancreatite
·
Convulsões repetidas com inconsciência entre os
episódios
·
Batimento cardíaco lento
·
Síndrome de Stevens-Johnson
·
Linfonodos inchados
·
Lúpus eritematoso sistêmico
·
Necrólise Epidérmica Tóxica
· Menos Graves
Comportamento Agressivo
·
Interesse alterado em ter relações sexuais
·
Ansiedade
·
Urina sangrenta
·
Doença ou lesão cerebral causando Incapacidade
de se comunicar
·
Não pode se concentrar pensamentos
·
Delirium
·
Urinar doloroso ou difícil
·
Queda de cabelo
·
Hemorragia da conjuntiva do olho
·
Hemorragia das gengivas
·
Aumento da fome
·
Comportamento Indiferente
·
Dores Articulares
·
Não se sentir bem, desconforto
·
Dormência
·
Problemas de Comportamento
·
Problemas com períodos
·
Dificuldade para respirar
Tiróide subativaCOMO, por exemplo, a Síndrome de Stevens-Johnson está incluída como GRAVE (acima) e no texto a seguir consta como "resultado potencialmente letal"???
Síndrome de Stevens-Johnson Mais detalhes
(SJS) e necrólise epidérmica tóxica (RTE), definidos por bolhas generalizadas decorrentes de máculas e / ou alvos atípicos planos são doenças com características clínicas homogêneas e um resultado potencialmente letal. [1] SJS é geralmente associada com várias drogas antiepilépticas, incluindo carbamazepina, lamotrigina, fenobarbital, fenitoína, e ácido valpróico. [2]
http://www.idoj.in/article.asp?issn=2229-5178;year=2011;volume=2;issue=1;spage=13;epage=15;aulast=Sharma
Já no Brasil, o que consta:
"Geralmente, os pacientes da síndrome de Stevens-Johnson são transferidos para centros médicos de referência, que se concentram no sul e no sudeste do Brasil. Embora o óbito devido à síndrome não seja comum, ele pode acontecer por complicações, até por tratamento inadequado." (Qualicorp)
E em um estudo de casos menos graves de SSJ, onde os pacientes sobreviveram, são estudadas as sequelas oculares em 14 pacientes, entre 1998 e 1999, só em um Departamento da UNIFESP!
"Objetivos: Avaliar a qualidade de vida dos pacientes portadores de síndrome de Stevens-Johnson. Sequelas oculares
Métodos: Foram avaliados 14 pacientes com SSJ no período de 1998 e 1999 no Setor de Córnea do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP. (5 por Carbamazepina-Dipirona; 7 por Dipirona.) http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27492003000100013&script=sci_arttext
PDF sobre resposta do SUS ao Juiz mineiro cita as seguintes fontes:
REFERENCIAS: 1. Kevin R Krull: “Attention deficit hyperactivity disorder in children and adolescents: Treatment with medications”; Disponível em http://www.uptodate.com Literature review: Apr 2013. | This topic last updated: Jan 2, 2013 2. Oxcarbazepine: Drug information Disponível em http://www.uptodate.com Copyright 1978-2013 Lexicomp, Inc
Leia mais sobre a Síndrome de Stevens-Johnson AQUI:
TDAH - Carbamazepina e oxcarbazepina são as causas mais comuns da Síndrome de Stevens-Johnson
"A carbamazepina é a causa mais comum da síndrome de Stevens-Johnson (SJS) e um novo fármaco anti-epiléptico, oxcarbazepina, está estruturalmente relacionado com a carbamazepina, também tem sido demonstrado como indutor de SJS." ( NCBI -Gov.EUA) - Trileptal - carbamazepina - oxcarbazepina - Tegretol - |
No Brasil, este medicamento também vem sendo largamente utilizado para Déficit de Atenção, mesmo não sendo liberado pela ANVISA para este fim.
Por Marise Jalowitzki
28.setembro.2015
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2015/09/tdah-carbamazepina-e-oxcarbazepina-sao.html
URGE UMA REVISÃO SÉRIA EM RELAÇÃO AOS GANHOS E PERDAS EM NOSSOS "TRATAMENTOS DE SAÚDE"!!!
ESSA UTILIZAÇÃO MEDICAMENTOSA EXCESSIVA PRECISA ACABAR!
TEM DE HAVER UM APROFUNDAMENTO EM PESQUISAS PARA MEDIR AS CONSEQUÊNCIAS E EVITAR TANTO SOFRIMENTO!
Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com
blogs:
Parabéns pelos esclarecimentos! Sou adulta e me foi receitado esse medicamento para estabilizar o humor. No entanto, em 6 meses de tratamento engordei 8 quilos, sem contar que tenho muitos sonhos e pesadelos durante a noite, que chego a acordar exausta.
ResponderExcluirQue bom que o texto foi util!
ExcluirE, nesta situação em que nos encontramos, nem dá para 'culpar' somente os médicos que prescrevem! Sim, eles deveriam conhecer a fundo os medicamentos que receitam e suas interações-complicações-consequencias! E são tantos e tantos novos produtos, as 'amostras-grátis-que-aliciam", os brindes que tantos recebem, as viagens ao exterior, os finais de semana em resorts de luxo (c direito a acompanhante)... é uma empreitada feroz, da qual só nos libertaremos com mais e mais conhecimento fidedigno. Aí, a escolha é do adulto. O mais cruel é quando envolve crianças, vítimas passíveis, sem direito a escolha! Querendo,"Anônimo", procura um homeopata ou um terapeuta floral. Com certeza haverá indicações bem mais precisas, certeiras e sem os riscos destes psicofármacos! (Inclui no texto indicações de como fazer para procurar amparo legal em caso de erros médicos). Abs