Por Marise Jalowitzki
05.junho.2019
https://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com/2019/06/brasil-sofre-uma-epidemia-de-ansiedade.html
Não tem uma semana que não leio sobre jovens que se suicidaram e que sofriam de ansiedade e-ou depressão. Suicidalidade é um dos efeitos colaterais dos psicotrópicos (tá na bula!).
Uma tristeza ver a exacerbação da medicalização!!
São 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) que convivem com o transtorno. Objetivos além do seu possível, cobrança excessiva a si próprio, aceitação excessiva das cobranças e julgamentos dos outros, "receitas prontas" de como ter sucesso, realização, ser o "must", alimentação indevida, má qualidade do sono e metas desajustadas são fatores que, aliados ao desmesurado incentivo ao consumo, fazem com que a maior parte da população viva ou triste e arrependida em relação ao passado (remorso, desilusão) ou preocupada com o futuro (medo e stress por algo que ainda não viveu). Ou seja, nada do hoje, nada do agora, nada do que realmente faz a diferença!
Aprender a ver a Vida com seus diversos fatores, o que inclui stress, frustração, estilos de ver e sentir diferenciados, e em tempo diverso, tudo isto auxilia na diminuição da ansiedade e tantas outras "tarjas".
Como diz Raul Seixas:
"Se você correu, correu tanto
Não chegou a lugar nenhum
Baby, oh! Baby!
Bem vindo ao século 21!!!"
É isso aí!!
Psicotrópicos são muletas que viciam. Tem de pesar MUITO a relação custo-benefício (uma criança consegue avaliar??? claro que não!!). E, mesmo que os pais optem por medicar, ou o adulto encontre certo conforto ao tomar as drogas psiquiátricas, saiba que deve ser por um tempo determinado! Depois, o efeito rebote toma conta!
Para muitos médicos, em especial os da área da psiquiatria, receber um paciente significa prescrever medicamentos controlados, os famosos "tarja-preta", já na primeira consulta... Infelizmente, são passados como se fossem docinhos, sem anunciar o risco de efeitos colaterais... ou o indivíduo chega tão desesperado que nem se preocupa mais se tiver o famoso efeito rebote, que é quando o medicamento começa a não fazer mais efeito, ou piora a situação inicial ou, ainda, faz surgir novos sintomas e doenças (as famosas comorbidades).
Ontem mesmo, vi um senhor sentado em uma das cadeiras do Banco, máximo 45 - 50 anos, batendo ritmadamente uma das pernas, as mãos, "roendo" os maxilares sem poder frear. Frequentemente se levantava para ir ao bebedouro, tentando disfarçar. E quanto mais tentava disfarçar, mais desconfortável ficava, mais esfregava os maxilares, mais ansioso...
Triste.
Embora, na maioria das vezes, nas primeira doses, o indivíduo se sinta muito bem, no uso prolongado a situação costuma frequentemente se modificar substancialmente e o que era alívio passa a ser pesadelo.
O Medo
O medo é um componente voraz. Depois que a pessoa "se convence" que tem um problema, torna-se ainda mais insegura, passa a depender da medicação. Mesmo quando o paciente argumenta que está realizando atividades físicas, ou meditação, terapia, que está cuidando da alimentação e ele ouve de seu médico: "Não adianta, esta doença vai te acompanhar sempre, não há cura pra ansiedade, ela vai estar sempre ali te ameaçando" o que acontece? Este tremendo "balde de água fria" tem um efeito devastador! A insegurança aumenta, a autoestima vai pro saco, a dependência medicamentosa aumenta e os lucros da indústria farmacêutica também...
Medicalização *
Leandro Karnal, historiador e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, aponta outro lado da questão e vê uma "medicalização" do comportamento humano. "Se o aluno não consegue acompanhar as aulas, dão remédio para ele. Nem todo mundo que não presta atenção tem déficit de atenção. A aula pode ser chata mesmo", argumenta.
Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, chama a atenção para o que ela intitula de "epidemia de diagnósticos", que envolve leigos e profissionais de saúde. Para ela, cada um de nós hoje usa a lógica médica para olhar para o outro e dizer: "Essa pessoa é chata; essa pessoa tem TOC; fulano surtou". "Nós vivemos à base de diagnósticos e, quando fazemos isso, apagamos a pessoa que está por trás dele".
( * Os dois últimos parágrafos deste post foram retirados do LifeStyle Ao Minuto )
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Por Marise Jalowitzki
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