terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Uma geração tarja preta - a medicalização das diferenças





Uma geração tarja preta: a medicalização das diferenças



COLÉGIO FAAP
22 Janeiro 2016 | 10:07

Se o sapateiro não deve ir além da chinela, isso não o impede de ter opinião quando, sob muitos aspectos, é chamado a participar.
Com essa justificativa, nós educadores, que não somos terapeutas, ou médicos, nos damos pleno direito de indagar, de forma crítica, essa onda de jovens enquadrados em diagnósticos cada vez mais sofisticados e, em sua maioria, submetidos a drogas que passaram à categoria de “material escolar” pela frequência com que jovens são, com elas, medicados: hiperativos, disléxicos, portadores de déficit de atenção, de síndrome do pânico, de depressivos e mais algumas síndromes de difícil nomenclatura, criaram uma geração que caminha, perigosamente, à beira da morbidez.
Negar os avanços das ciências em sua capacidade de identificar distúrbios fisiológicos ou psicológicos, além de rematada ignorância, seria cegueira imperdoável naqueles a quem cumpre se armar de todos os instrumentos para encarar os desafios de educar nestes tempos de imponderabilidade. Porém, desconfiar de excessos, sobretudo quando os mesmos podem comprometer com alguma gravidade vidas é uma obrigação de famílias e educadores, até mesmo para  reforçar ou amenizar os parâmetros das condutas clínicas.
Nunca é demasia insistir sobre a consciência que temos da evolução das metodologias científicas para a criação de protocolos que forneçam aos terapeutas segurança para os seus diagnósticos, mas jamais será descabida a preocupação com os equívocos de comprometimentos: se não tratar um jovem é uma monstruosidade, não será menos desumano submetê-lo, sem uma grande margem de segurança, a drogas de efeitos psicotrópicos.
Nós que temos décadas de “estrada” na educação, nos obrigamos a um exercício diário e cada vez mais delicado de análise comparativa do perfil de nossos jovens, no contexto de sua própria história: em tempos profundamente mais conturbados e complexos, a experiência anterior deve ser submetida a criteriosa análise para não nos conduzir a posições reacionárias a priori.
A partir dessas preocupações, é que nos damos o direito de acusar os excessos que “medicalizam” comportamentos os quais, muitas vezes, apenas fogem do desejável: ou por excesso de zelo, ou por consciência de culpa, ou modismos, as famílias amplificam desvios próprios da idade, mas estranhos às suas experiências de vida. Efetivamente, o contexto atual de nossa civilização exige, como nunca, cuidados especiais para com os jovens que, efetivamente, podem necessitar de apoio terapêutico. O que nos leva a estas reflexões são os inúmeros casos que chegam às escolas, amparados em complexos laudos e, após a cuidadosa inserção em uma cultura de cordialidade, se libertam dos comprimidos: em classes pouco numerosas, trabalhadas lideranças e sociabilidade dos grupos, com professores atentos e dedicados, aquele que parecia um “aluno problema” mostrou como atenção e compreensão ainda são os mais eficazes remédios para muitos comportamentos fora dos padrões.

Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP – SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
Troque ideia com o professor: col.diretoria@faap.br
Link neste blog: http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2016/02/uma-geracao-tarja-preta-medicalizacao.html


Gratidão, Rubens Bias (MS), pelo envio do link.


Para saber mais:

Riscos sociais em medicalizar pessoas, especialmente crianças

Metilfenidato, Ritalina e Concerta - Parecer nº 18/2011 - Comissão Consultiva Nacional de Ética Biomédica da Suíça

Por Marise Jalowitzki
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/07/riscos-sociais-em-medicalizar-pessoas.html


Pessoas para as quais os agentes farmacológicos têm pouco ou nenhum efeito, também estão em desvantagem."

E, aqui, os membros da Comissão Consultiva Nacional de Érica Biomédica da Suíça alertam para um outro ponto: a pressão, o novo rótulo, a nova etiqueta para aqueles que, ainda que aderindo à medicalização, não tem o efeito desejado, já que cada corpo é um corpo, e cada organismo reage de maneira diferente, como acontece com todas as drogas!

Voltando à questão infantil, inúmeros são os casos onde mães relatam que "o comprimido não fez efeito nenhum". Acabam recebendo novas receitas de novos tarja-preta, sem deixar o anterior, fazendo do pequeno corpo em formação um verdadeiro laboratório de experimentos, só que ninguém acompanhando, minuciosamente (como acontece nos laboratórios), em que efetivamente resulta todos estes inconsequentes experimentos com os pequenos!

Livro TDAH Crianças que Desafiam (págs. 140 a 145)


Querendo, leia também:

Drogas para TDAH, psicopatas artificiais e morte súbita



Advertências para drogas usadas para tratar TDAH  chegam muito tarde para muitos 


Do Livro TDAH Crianças que Desafiam:
"De acordo com especialistas norte-americanos, as drogas do tipo das anfetaminas como Ritalina, Adderall (usado em narcolepsia, TDAH e como emagrecedor) e Dexedrine (EUA) e os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS), como Prozac, Zoloft (usado em casos de distúrbios do humor, transtornos do humor, pânico, depressão maior, distimia)Paroxetina (Seroxat, Paxil, Paxtrat, Arotin... entre outros nomes comercias) e Luvox (maleato de fluvoxamina), Vyvanse (Venvanse, no Brasil) e Strattera (EUA) podem causar efeitos secundários graves.

Outra pesquisa, da FDA (Food and Drugs Administration), órgão de vigilância sanitária dos EUA, e do NIMH (National Institute of Mental Health), feita em 2009, traz mais dados assustadores. O risco de morte súbita para adolescentes que tomaram Ritalina é de dez a 14 vezes maior do que para aqueles que nunca usaram o metilfenidato. (pág. 124 - Efeitos colaterais e riscos devido ao uso de medicamentos psicotrópicos)

Por Evelyn Pringle
Em tradução livre por Marise Jalowitzki
28.janeiro.2016
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2016/01/drogas-para-tdah-psicopatas-artificiais.html

 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

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